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Arquitetos: Argus Caruso - arquitetura e construção
- Área: 165 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Gustavo Uemura
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Fabricantes: Acqualimp, Argos, AutoDesk, Deca, Eliane, Fame, Koni, Nautilus, Pilão, Sayerlack Polisten, Tigre e Amanco, Tramontina
Descrição enviada pela equipe de projeto. Localizada em meio a Mata Atlântica, na praia de Itamambuca, litoral norte de São Paulo, o projeto teve como premissa uma obra que proporcionasse conforto em um ambiente quente no verão e frio no inverno, otimizando a entrada de luz pela face Norte. O partido construtivo considerou desde o início a utilização de materiais naturais como bambu, terra, fibras naturais, pedras e madeira. A estrutura é em Eucalipto tratado e a marcenaria em Pinus tratado, ambos plantados nas proximidades.
Todo material que entrou na obra foi 100% utilizado e a obra não gerou resíduos. O teto é verde, com captação de água de chuva. A área social buscou emoldurar a linda vista para a montanha, enquanto a parte íntima abre-se para os jardins laterais. A casa nasceu do sonho do arquiteto que, com sua irmã, artista e produtora de São Paulo, construiu uma casa pensada para o uso da família e também para aluguel de temporada.
INSOLAÇÃO
A sala/cozinha fica totalmente na sombra no verão. No inverno, os raios solares penetram profundamente na casa. Os vidros e o pé direito alto permitem que eles alcancem boa parte da sala/cozinha, o piso suspenso com laje de concreto e a parede de terra absorvem esse calor durante o dia e irradiam durante a noite. A vegetação existente nos arredores já faz uma barreira para o sol da tarde no verão, o que naturalmente foi resolvido. A insolação foi simulada através de maquete eletrônica, possibilitando projetar as janelas superiores na face norte dos quartos de forma que, durante o inverno, o raio de sol incida a maior parte do tempo diretamente sobre as camas mantendo-as secas e aquecidas. O piso claro rebate a luz do sol dando uma contribuição extra na iluminação.
VENTILAÇÃO - AR CONDICIONADO NATURAL
Na sala/cozinha, uma circulação forçada puxa o ar externo (do jardim sombreado de Lírios), faz com que passe por debaixo da casa e suba por tubos embutidos na parede central, sendo insuflado já fresco para dentro do ambiente, funcionando como um ar condicionado. O pé direito alto favorece a troca de ar. A inclinação do telhado gera um fluxo constante do ar quente saindo pela cumeeira e naturalmente entrando pelo lado oposto, vindo das janelas sul, recebendo o ar fresco da sombra do jardim.
PAREDES DE TERRA
A construção com terra faz a casa respirar. Para a situação de grande umidade do local, esse material não poderia ser melhor. Foram várias técnicas empregadas – a fundação da laje é em hiperadobe, as paredes em geral são em pau a pique e uma parede estrutural é em taipa de pilão. A preocupação principal foi construir uma casa com materiais naturais, quando possível do entorno, mas com um acabamento fino. As paredes perfeitamente aprumadas e lisas, rompem o paradigma de que casa de terra é sempre torta ou mal acabada.